A Alma de uma Mãe à Espera de Luz
Hoje, lágrimas desceram, cruas, sem piedade,
Por te ver, mãe, em meio a tanta escuridão,
Três filhos, cada qual com um pai, realidade,
Um amor gigante, perdido na imensidão.
Nas tuas mãos, um dia, o amor maior reinou,
Mas o tempo, ingrato, levou essa glória,
Agora, nesse estado, tua vida afundou,
Nas sombras do passado, a triste memória.
Uma mulher que brilhou, cheia de paixão,
Caiu na armadilha do destino, cruel,
Entre escolhas erradas e pura ilusão,
Perdeu o rumo, seguiu por um funil de fel.
Cada filho, um pedaço de teu coração,
Rostos que refletem tua antiga esperança,
Mas ao olhá-los, vê apenas a solidão,
Das promessas quebradas, da vida sem dança.
Esse amor que tiveste, tão grandioso e fiel,
Se dissipou como névoa ao sol da manhã,
Agora, restam só cicatrizes, um cruel papel,
De uma vida que foi, mas já não mais é sã.
Os dias passam, e o arrependimento te consome,
A penumbra é teu lar, tua alma a vagar,
Nas noites escuras, o silêncio te come,
E te perguntas onde foi que deixaste de amar.
Teu sorriso, antes sol, agora é lua minguante,
Teus olhos, duas estrelas perdidas no céu,
E em cada suspiro, um lamento constante,
Por não ter dado valor ao que te era tão fiel.
Hoje, mãe, choro por ti, por teu fardo pesado,
Por essa vida que desmoronou em fragmentos,
Quisera eu poder reverter o passado,
Apagar teus erros, recriar teus momentos.
Mas o tempo não volta, e a estrada é sem fim,
Caminhas sozinha, na penumbra de ti mesma,
Carregando o peso dos dias que se foram assim,
Sem volta, sem cura, uma alma que jaz a esmo.
E, no entanto, dentro de ti ainda brilha,
Uma faísca de esperança, tão pequena,
Que talvez um dia, por amor de teus filhos,
Possa crescer, iluminar tua alma terrena.
Por ora, mãe, deixa as lágrimas caírem,
São a chuva que lava o solo do teu ser,
E quem sabe, um dia, as flores ressurgirem,
E te mostrarem um novo amanhecer.
Mas até lá, és só sombra, memória do que foi,
Uma mulher que teve o maior amor nas mãos,
E que hoje vive, na penumbra do depois,
Esperando, talvez, uma nova chance em vão.