A Dança das Palavras Ocultas

No palco da vida, ela se exibe sem parar,

Com passos furtivos, não para de inventar.

Sua voz é suave, seu olhar um enigma,

Mentir é seu jogo, sua doce sina.

Atrás do sorriso, esconde verdades,

Como uma sereia, atrai na vaidade.

Cada palavra, uma teia bem tecida,

Por que ela mente? Qual a razão escondida?

Seu coração pulsa, um ritmo distinto,

Numa sinfonia de segredos, num labirinto.

A verdade é um espelho, que ela evita,

Reflexo sombrio que a vida incita.

Será medo ou desejo, o que a faz mentir?

A dor do passado, que insiste em surgir?

Ou a sede de poder, de controlar destinos,

Nuvem de sombras, sem desatinos?

Ela mente e seduz, em um só compasso,

Na arte da trama, não há embaraço.

Os olhares se prendem, na teia intricada,

E a verdade se perde, na trama criada.

Cada mentira, uma máscara nova,

Que oculta a alma, que jamais se renova.

Será ela uma artista, ou prisioneira,

Das palavras inauditas, da verdade inteira?

O vento sussurra, histórias ao léu,

Mas ela se esconde, num véu cruel.

Mentir é seu vício, sua doce maldição,

Um labirinto sem fim, sua própria prisão.

Mas no fundo dos olhos, um brilho sutil,

De quem sabe a verdade, mas teme o ardil.

Ela mente, se esconde, na sombra da razão,

E a vida prossegue, nessa estranha canção.

Os dias se passam, as mentiras aumentam,

E a verdade se esvai, enquanto a alma lamenta.

Por que mente, se sabe que será descoberta?

Talvez o medo da verdade a mantenha alerta.

O coração pesa, no final do dia,

Com as mentiras contadas, uma melancolia.

A verdade liberta, mas também assusta,

E no vai e vem das palavras, ela se ajusta.

No fim, resta apenas, a pergunta constante,

Por que mente, essa alma errante?

Será o medo, o desejo ou a dor?

Ou a busca incessante, por algum amor?

E a vida segue, em sua coreografia,

Com mentiras dançadas, em perfeita harmonia.

No palco das sombras, ela é a estrela,

A rainha do engano, em sua cela.

Mas um dia, quem sabe, encontrará a chave,

Para abrir a porta, que a verdade abre.

E então, talvez, na luz do amanhecer,

Ela pare de mentir, e comece a viver.