Do Abismo da Noite ao Renascimento do Dia

Depois da meia-noite, a porta range ao abrir, 

Ela entra, bêbada, sem saber aonde ir. 

Os passos trôpegos ecoam pela casa, 

Cada movimento, um vestígio de brasa.

O mundo gira, a mente se confunde, 

Na escuridão, seu corpo se afunde. 

Risos e murmúrios da noite passada, 

Agora são ecos de uma alma cansada.

A cozinha a recebe com azulejos frios, 

Ela tropeça, caindo em delírios. 

O chão duro acolhe seu corpo sem rumo, 

Enquanto a noite sussurra seu sumo.

Os olhos fechados, o sono é pesado, 

Em sonhos confusos, o passado é evocado. 

Garrafa vazia ao seu lado caído, 

Cada gota, um momento perdido.

A madrugada avança, o relógio não para, 

Ela jaz no chão, sem saber de sua tara. 

A lua espreita, cúmplice silente, 

Do desvario que a noite presente.

Ao amanhecer, a luz invade o espaço, 

Ela desperta, sentindo o cansaço. 

A cabeça lateja, o corpo reclama, 

A realidade cruel, sua mente inflama.

Olhos abertos, a cozinha embaçada, 

A ressaca da noite, uma visão desolada. 

Lenta se levanta, sentindo a dor, 

De uma noite perdida, sem nenhum amor.

O espelho reflete um rosto abatido, 

A lembrança da noite, um sonho iludido. 

Busca na água fria algum alívio, 

Mas a dor persiste, o vazio é massivo.

Os passos são pesados, a casa é um labirinto, 

Cada canto um eco do seu instinto. 

As marcas no chão, o rastro de sua luta, 

Uma batalha interna, sem força ou conduta.

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