Escolhas e Consequências

Era brilho, fogo, um farol aceso,

De passos firmes, de alma em calor,

Hoje, te vejo, num corpo indefeso,

Um vulto sombrio do teu esplendor.

A dança que outrora rasgava o espaço,

Agora repousa num vão esquecido,

Teus sonhos dormindo em um frágil abraço,

Tua força jaz num campo perdido.

De quem foi o plano de apagar a chama?

Foi o tempo cruel? Ou teu próprio ser?

Ao ver-te agora, minha alma reclama,

O eco distante do teu renascer.

Escolhas marcam o traço do destino,

E tu, por escolha, negaste o vigor,

Trocaste a luz pelo torpe desatino,

Negaste à vida seu pleno sabor.

Quem és, então, nesta sombra apagada,

Que vaga no mundo sem norte ou cor?

Onde ficou a essência elevada,

Aquela que um dia gerava fervor?

Ergueste muralhas contra o futuro,

Deixaste o vento levar o que é teu,

Por que te escondes em véu tão obscuro,

Se ainda há força pulsando no breu?

Eu vim recordar-te do que já foste,

Do riso que um dia incendiou o ar,

Lembra-te bem que a energia não morre,

Ela só dorme, esperando acordar.

Levanta-te, ainda és feita de sonhos,

Teu corpo pode lembrar como agir,

A alma cansada encontra mil meios

De virar asas e fazer-te fluir.

Não te condeno, mas trago um espelho,

Olha-te nele, e vê o que há lá,

Talvez descubras que além do conselho,

És a heroína que pode mudar.

Teu brilho, embora hoje encoberto,

Habita em silêncio, esperando o chamado,

E quando quiseres, num grito desperto,

O mundo verá o teu ser renovado.

Não é o fim, é pausa e tormento,

Ciclo que passa e pode virar,

Nasce da queda o maior crescimento,

E do abismo, estrelas podem brilhar.

Ergue-te agora, sem medo ou vergonha,

A vida implora teu ser destemido,

Volta a ser forte, não há quem te ponha

Grilhões que tua alma não tenha vencido.

És mais que a sombra que o tempo desenha,

És chama, és vida, és renovação,

O que escolhes hoje teu futuro ordenha,

Faz da tua fraqueza uma nova canção.