Histórias de um Coração Confuso

Ela mente para ela mesma,

Em um jogo de espelhos quebrados,

Criando histórias com sutileza,

Em sonhos confusos, enredados.

Por dentro um mar revolto,

Onde as ondas trazem ilusões,

Ela pinta o céu de um azul solto,

Escondendo suas contradições.

Os olhos brilham de esperança,

Mas a alma carrega incerteza,

Na dança frágil da confiança,

Revela-se sua fortaleza.

Palavras doces, sortidas de encanto,

Encobrem a dor que a devora,

Por dentro um coração em pranto,

Que no silêncio, sempre aflora.

Ela veste um véu de mistério,

E no teatro da vida, encena,

Escreve promessas num império,

Que só ela mesma envenena.

Busca no olhar dos outros a fé,

Que perdeu em seu próprio espelho,

Quer que acreditem no que é,

Mesmo quando o chão é de conselho.

O amor, para ela, é um conto,

Onde os capítulos são confusos,

E as verdades, pouco a pouco, confronto,

Se dissolvem em versos difusos.

Na solidão de suas noites claras,

Ela se pergunta quem realmente é,

Se a mentira são asas raras,

Ou correntes que a prendem de pé.

Ela ri, um riso que ecoa vazio,

No teatro de sua própria vida,

E entre aplausos, se mantém no fio,

De uma existência mal compreendida.

A cada amanhecer, nova promessa,

De ser mais verdadeira, mais nua,

Mas o espelho ainda a atravessa,

E a mentira se faz, continua.

O que resta, então, dessa trama?

Se não a esperança de um dia,

Encontrar a si mesma na chama,

Da verdade, na pura poesia.

E assim, ela constrói sua estrada,

Com um coração que teima em sonhar,

Num mundo de sombras, na jornada,

De aprender o que é, ao se encontrar.

Ela mente para ela mesma, é verdade,

Mas talvez, no fim, seja uma busca,

De entender que a própria falsidade,

É parte da alma que se ofusca.