Ingrata

Em noites sombrias, o homem suspira, 

Um amor tão profundo que o peito transpira. 

Ela, distante, jamais vê sua dor, 

Presa em seus sonhos, alheia ao amor.

Seu coração pulsa, ansioso a esperar, 

Mas ela não nota, prefere ignorar. 

Sussurros ao vento, cartas não lidas, 

Palavras sinceras, por ela esquecidas.

Cada gesto, um poema, um soneto de luz, 

Mas ela só vê o que ao ego seduz. 

Perdido em seus olhos, afogado em desejo, 

Ele a observa, e a alma lampeja.

Seu mundo é pequeno, circunscrito em vaidade, 

Não vê a grandeza da pura lealdade. 

Ela colhe flores, mas ignora o jardineiro, 

Que cultiva seu amor, discreto e verdadeiro.

Nas noites de lua, ele sonha acordado, 

Com ela ao seu lado, no amor embrenhado. 

Mas ela caminha por caminhos de ouro, 

E deixa para trás um coração no choro.

Ingrata, ele pensa, mas ainda assim ama, 

Seu fogo incansável, sua eterna chama. 

Mesmo na dor, sua esperança não finda, 

Que um dia ela veja, seu amor que não finda.

Mas ela segue, com os olhos vendados, 

Não vê o tesouro nos atos calados. 

Aquele que tudo daria por um só olhar, 

Que renuncia ao mundo só para a amar.

Na tempestade de sentimentos, ele luta, 

Para ser visto, para ser o que a escuta. 

Mas ela só ouve seu próprio refrão, 

E o deixa a vagar, perdido na imensidão.

Ele espera o dia em que ela acordará, 

E verá o amor que ele sempre dará. 

Mas até lá, ele vive na espera, 

De que um dia, ela o veja de outra maneira.

Cada dia uma luta, um querer persistente, 

De mostrar a ela o amor que sente. 

Mas enquanto ela não vê, ele apenas sonha, 

Com o dia em que ela será sua dona.

E assim ele segue, num amor abnegado, 

Esperando o momento de ser revelado. 

Que ela veja além de seus interesses vis, 

E descubra nele o que sempre quis.

O amor que ele dá, é um dom sem igual, 

Mas ela o trata com frieza glacial. 

Talvez um dia, seu coração se abrirá, 

E verá o homem que sempre a amará.