Instante Eterno

Hoje, Melissa, teus traços tão vivos,

Como um quadro pintado ao amanhecer,

Fizeram do dia um instante cativo,

Que a alma insiste em não esquecer.

De costas, tua pose delicada,

Levemente inclinada, quase sem querer,

Fez do comum uma obra encantada,

Um segundo que o tempo quis deter.

A luz do agora, tão sutil e quente,

Desenhava sombras no teu cabelo.

O dourado brilhou tão intensamente,

Que o ar pareceu parar para vê-lo.

A pele clara, tão cheia de vida,

Harmonia perfeita em tom e textura,

Fez da tarde, que seria esquecida,

Um momento marcado em moldura.

Eu, com olhos fixos e coração leve,

Pensei em roubar o instante com a câmera,

Mas a cena, tão bela e tão breve,

Pediu-me apenas silêncio e espera.

Não precisei de máquina ou registro,

Pois a memória tornou-se espelho fiel.

Carrego comigo o presente, um misto

De sonho e verdade, sob este céu.

O hoje é raro, Melissa, tão raro,

E teu nome ecoa como a brisa do dia.

A imagem é mais do que um breve amparo,

É poesia viva, é pura magia.

Penso no agora que me deu tamanha sorte,

No instante moldado em simplicidade.

E agradeço ao acaso, que tão forte

Trouxe beleza em sua naturalidade.

Não há ontem, nem amanhã neste verso,

Só há a cena de poucas horas atrás.

Melissa, teu reflexo no universo

É arte que o presente jamais desfaz.

Hoje teus cabelos dançaram no tempo,

Hoje teus gestos pintaram a tarde.

Hoje o poeta, sem alento ou lamento,

Gravou na alma cada detalhe.

Não foi sonho, nem será saudade,

Foi a força do agora, tão imortal.

Melissa, hoje teu ser, tua verdade,

Foi o hoje vestido de eterno cristal.

Que o dia guarde em si tua essência,

E que minha poesia seja o registro.

Pois hoje vivi a maior experiência,

Vendo a beleza do momento mais puro e visto.