O Preço da Aventura

Você era feliz, disso eu sei,

Nos olhos brilhava a paz de um lar.

Cercada por braços que eram lei,

Mas quis o novo, quis arriscar.

Era amada, e nem percebia,

O calor que lhe envolvia a alma.

Tropeçou na sombra da alegria,

E perdeu o chão, perdeu a calma.

Achou que o mundo lhe devia mais,

Que o pouco era o mesmo que nada.

E lançou-se aos ventos tão voraz,

Num salto cego, numa jornada.

O que encontrou? Falsas promessas,

Espelhos quebrados, ecos do vazio.

Caminhos que levaram às pressas

O coração ao frio sombrio.

O amor, que era simples e sincero,

Ficou distante, virou memória.

Agora vaga no desespero,

De reescrever sua própria história.

As mãos que antes lhe seguravam

Foram soltas pelo seu desejo.

E os braços que tanto lhe guardavam

Hoje são sombras de um passado almejo.

Quem muito busca, nem sempre acha,

Pois o verdadeiro se esconde na essência.

E a pressa do mundo é a que despacha

A paz para longe, sem clemência.

Agora resta o eco do “era”,

A saudade que queima, que fere,

Do amor puro, que foi primavera,

E que você, por descuido, perde.

Talvez o tempo traga lições,

Talvez a vida lhe dê nova chance.

Mas as marcas viram canções

De uma alma que hoje só cansa.

Não culpe o destino, não peça desculpas,

O mundo gira por sua escolha.

Entre as rosas e suas curvas abruptas,

Você desenhou a própria folha.

E agora distante, tão distante,

Do que um dia foi tão verdadeiro,

Busca o amor como um errante,

Perdida em sonhos no nevoeiro.

Era feliz, era amada,

E nem percebeu o quanto tinha.

Hoje carrega a alma cansada,

Por uma aventura que foi sozinha.

Talvez um dia o amor retorne,

Ou talvez aprenda o valor da calma.

Que o mundo é vasto, mas não conforme

Se perde aquilo que acalma a alma.

E enquanto caminha nessa estrada,

Lembre-se do lar que era só seu.

Pois quem troca o certo pela jornada,

Descobre tarde o que se perdeu.