Quando o Coração Diz Não

O que passa na cabeça, 

Cinco minutos após confessar, 

Que a vida carrega um novo fardo, 

E ainda assim me convida para caminhar?

Meus olhos evitam o confronto, 

Nos lábios, um “não” se desenha, 

Aceitar seria trair meus próprios passos, 

Numa estrada que já não me convenha.

O convite soa como eco distante, 

Uma porta que não devo abrir, 

Pois o caminho que ela propõe, 

Só leva a um lugar aonde não quero ir.

Me recuso a seguir a ilusão, 

De que o futuro está em suas mãos, 

Prefiro ficar na segurança do agora, 

Onde meu coração entende suas razões.

A noite cai, trazendo o frio da decisão, 

E eu, firme, escolho o não, 

Pois amar é também saber quando partir, 

E não me perder numa contradição.

Os segredos que ela guarda, 

Nos olhos, eu prefiro não desvendar, 

Pois o mistério que ela propõe, 

Não é o tipo de jogo que quero jogar.

Fico onde estou, sem arrependimento, 

Meus passos não seguem a mesma direção, 

Porque sei que há caminhos que não devem ser cruzados, 

Mesmo que o coração peça explicação.

Não é falta de carinho ou compaixão, 

Mas a certeza de que certos convites, 

São atalhos para a perda de si mesmo, 

Me respeito e não aceito me deixar de lado.

No fundo, talvez ela compreenda, 

Que dizer “não” é um ato de cuidado, 

Por mim, por ela, pelo que poderia ser, 

E pelo que já sei que não será.

Assim, recuso a oferta sutil, 

Sem amargura, apenas em paz, 

Pois o que passa na minha cabeça, 

É a vontade de ser verdadeiro demais.

E enquanto ela se afasta, 

O peso das palavras fica no ar, 

Mas eu me sinto leve, por escolher, 

O caminho que não me fará vacilar.