Na trilha onde caminhei só,

Tateando sonhos que não eram meus,

Deixei que meu destino se perdesse,

Nas veredas de um desejo alheio,

Esquecendo o que um dia fui.

Em vão, busquei ser o que tu querias,

Nas sombras de um ideal distante,

Minha vida se fez eco de um sonho,

Que nunca foi capaz de ser verdade,

Deixando-me vazio e errante.

Os anos passaram como folhas ao vento,

Tantas primaveras sem florescer,

E os invernos, frios e longos,

Marcavam o compasso do meu lamento,

Na busca incessante pelo teu querer.

De ti, fiz meu norte e meu guia,

Mas perdi-me nos labirintos da ilusão,

Vivendo por um reflexo do teu desejo,

Esquecendo de nutrir meu próprio ser,

Deixando a alma em vão.

O que restou de mim nesses anos vãos,

Foi um espectro, sombra do que fui,

Um ser moldado por anseios alheios,

Que se esvaiu nas brumas do não-ser,

Perdido no eco do teu querer.

Mas hoje, ao refletir sobre o passado,

Vejo que minha busca foi em vão,

Pois ao tentar viver tua vida sonhada,

Perdi a chance de viver a minha,

Esquecendo de ser meu próprio farol.

E agora, no silêncio da noite,

Recolho os pedaços do que restou,

Tentando encontrar nos fragmentos perdidos,

A essência do que um dia sonhei,

E que deixei de lado por ti.

Os sonhos desencontrados ficaram para trás,

Como memórias de um tempo que não volta,

Mas aprendi que meu destino é meu,

E que devo trilhar meu próprio caminho,

Sem me perder em outros corações.

Pois cada um deve ser o autor de sua história,

Escrever seus versos com a própria mão,

E assim, talvez, encontre a paz,

De ser fiel ao próprio coração,

E viver uma vida que seja minha.

Assim, libero-me das correntes invisíveis,

E abraço a liberdade do meu ser,

Reconstruindo-me das cinzas do passado,

Para finalmente encontrar meu lugar,

No horizonte de um novo amanhecer.