Sonhos Perdidos na Noite

No silêncio profundo da noite calma,

Despertam-se sombras de sonhos perdidos,

Ecoam suspiros de quem nunca alcança

Os desejos guardados, já esquecidos.

Na rajada do vento, dançam lembranças,

Fragmentos de vidas que o tempo levou,

Em cada estrela, cintilam esperanças,

Reflexos de sonhos que o céu apagou.

Caminhos que um dia se fizeram claros,

Desfazem-se agora na bruma incerta,

A alma procura os seus destinos raros,

Mas encontra apenas uma noite deserta.

Lágrimas de lua caem no vazio,

Deslizam suaves pelo céu sem cor,

Os sonhos vagantes no vasto sombrio,

Recolhem-se em versos de um velho cantor.

A lua, solitária, observa o cenário,

Um palco de sonhos em melancolia,

As estrelas, em coro, cantam o diário

De almas errantes, envoltas na fria.

Os passos perdidos na estrada escura,

Marcam o compasso de um coração

Que busca no negrume a sua ternura,

Que anseia por um simples toque de mão.

Num suspiro eterno, a noite abraça

Os sonhos que vagam sem direção,

Cada estrela caída refaz-se em graça,

E ilumina um pouco da escuridão.

Os rios de sombras seguem seu curso,

Levando segredos ao mar do além,

Nos rostos anônimos, lê-se o discurso

De quem nunca soube o que o futuro tem.

E nas madrugadas de silêncio pleno,

Sussurram os ventos histórias de amor,

Sonhos despedaçados em um terreno

Onde o passado e o presente têm dor.

Florescem memórias nas ruínas do tempo,

Jardins esquecidos em noites de breu,

Cada pétala guarda um antigo momento,

E perfuma os ares com seu triste adeus.

Os pássaros cantam um hino distante,

Notas de sonhos que o dia levou,

E na escuridão, um brilho constante

Guia os que perderam o que a noite roubou.

Nas águas do sono, refletem-se rostos,

Miragens de um mundo que o dia ocultou,

E os sonhos perdidos, de tantos desgostos,

Renascem ao toque do primeiro sol-pôr.

E quando o amanhecer desponta sereno,

Trazendo consigo a esperança sutil,

Os sonhos perdidos encontram terreno,

E florescem de novo em um campo de anil.

Assim, na roda eterna do tempo e espaço,

Os sonhos vagueiam na noite sem fim,

Mas sempre encontram um novo compasso,

Para dançar sob a luz que enfim vem a mim.